"Você quer se casar comigo?"
Um casal está jantando em um restaurante, os dois conversam tranquilamente e, de modo inesperado, o rapaz surpreende a moça ao se ajoelhar ao lado dela. Ele abre uma caixinha contendo um lindo anel e faz aquela pergunta mágica: “Você quer se casar comigo?” Ela, extasiada pela surpresa e felicidade, responde: “SIM!” Ele põe o anel no dedo dela, os dois se abraçam e estão noivos!
Todos têm certeza de que o casamento será lindo e os pombinhos viverão felizes para sempre. Essa cena é recorrente em filmes, novelas, propagandas etc., e todo mundo já viu algo parecido pelo menos uma vez. É bonita, comovente e romântica. Talvez, no fundo, todo mundo já tenha sonhado ou ainda sonha com um momento mágico como esse.
Não há nada de errado em sonhar com um pedido especial de casamento; é que a cena descreve a forma como a maioria das pessoas enxerga esse instante: mágico, repentino, motivado por sentimentos que superam qualquer dificuldade e perduram ao longo da vida, levando à felicidade eterna. Ideias equivocadas como essa acabam provocando frustração e levando muitos relacionamentos a um fim nada inspirador.
Por isso, esse momento de transição entre o namoro e o casamento deve ser considerado com profunda seriedade.
O NOIVADO
O noivado é um período que pode variar em sua duração. Algumas pessoas passam anos comprometidas e outras definem o noivado com a marcação da data do casamento.
Para a maioria das pessoas, noivar indica a séria intenção de se casar com alguém, nem sempre tendo uma data em vista. Já entre os evangélicos, o noivado acontece quando existe uma data para o enlace, e em alguns casos, a tradição de um par de anéis específicos não é seguida.
Independentemente da ordem de eventos, ao menos quatro perguntas de suma importância devem ser feitas e respondidas individualmente pelo casal cristão antes de darem um passo tão importante.
- É O MOMENTO CERTO PARA NOIVAR E ASSUMIR UM CASAMENTO?
Não existe idade certa para se casar ou um tempo específico de namoro ou noivado, mas há um tempo e uma idade que não são ideais para o casamento. Ellen White escreve: “Casamentos precoces não convêm. Relação tão importante como seja a do casamento, e tão vasta no alcance de seus resultados, não deve ser assumida precipitadamente, sem suficiente preparo, e antes de se acharem bem desenvolvidas as faculdades mentais e físicas”.
É necessário preparo, mas o que significa ter faculdades mentais e físicas bem desenvolvidas? Significa não ser criança e conhecer o suficiente da vida e de suas responsabilidades para que se possa assumir um compromisso indissolúvel.
Existem países onde crianças podem se casar, mas no Brasil, felizmente, isso é proibido. Considerando que a infância alcança os 12 anos de idade e a adolescência, 18,2 a maioridade é a fase da vida mais indicada para se firmar relacionamentos sérios e se pensar em casamento.
Maturidade não tem que ver necessariamente com idade, mas o fato é que quanto mais se vive, mais se sabe sobre a vida, e isso garante uma quantidade e qualidade de experiências que podem ajudar a tomar essa decisão.
A dica de ouro é: “Quando a natureza sagrada e as exigências do casamento forem compreendidas, ele será aprovado pelo Céu, resultará em felicidade para ambas as partes e Deus será glorificado”.
Analisem o quanto vocês têm compreendido acerca do assunto e conversem com quem já viveu esse momento para saber se já possuem maturidade necessária para assumirem o compromisso.
- POR QUE ESTAMOS NOS CASANDO?
Reflitam sobre a principal motivação para se casarem. Se não encontrarem nada além de “porque a gente se ama e está apaixonado”, é melhor repensar o momento certo.
Amor é imprescindível, mas é preciso uma motivação mais clara. Estudos têm comprovado que muitos casais rompem seu compromisso por diversos motivos que não têm nada que ver com falta de amor, e Gary Chapman aponta que, com o tempo os sentimentos se transformam e “[...] aspectos da vida que não considerávamos em nossa euforia começam a se tornar importantes. Nossas diferenças começam e emergir, e em geral nos descobrimos brigando com a pessoa que acreditávamos ser perfeita”.
Logo, os sentimentos não são um motivo sólido sobre o qual basear a decisão do casamento. Ainda há outros motivos que não devem ser a principal motivação para o casamento:
- · Sair da casa dos pais, vontade de mandar na própria vida
- · O desejo de viver emoções diferentes
- · O medo de ficar sozinho, porque já estão namorando há muito tempo
- · Porque não querem ou não pretendem estudar
- · Por dependência emocional
E muitos outros que demonstram que o casamento não é uma escolha consciente, mas resultante de situações das quais se deseja fugir ou se aproximar.
Ainda existe o fator mais importante: como cristãos, vivemos neste mundo aguardando novos céus e nova Terra, e enquanto isso, devemos servir de luz e auxílio para outros. No processo de edificação do nosso próprio caráter, não podemos ser movidos por sentimentos que desconhecemos e por motivos que não transcendem a existência terrena.
Precisamos dar cada passo tendo em vista o alvo supremo, e por isso, o principal desejo da união de vocês deve ser tornarem-se úteis ao evangelho nesta vida e glorificar a Cristo através desse enlace.
Sim, “Quer comais, quer bebais ou façais QUALQUER OUTRA COISA, fazei TUDO para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31).
- PARA QUE ESTAMOS NOS CASANDO?
Essa pergunta muitas vezes se confunde com a anterior, mas diz respeito ao objetivo geral do casamento em si. É comum ouvirmos: “Vou me casar para ser feliz”.
Ora, depositar em outra pessoa a total confiança pela sua felicidade, é um ato de extrema coragem e egoísmo. A ideia de ser incompleto por natureza e o casamento chegando para selar a completude, tem tornado muitas relações frustradas, e casamentos têm sido desfeitos por causa disso.
Você deve desejar casar-se quando sentir o ímpeto de dividir sua felicidade com alguém. Sabe por quê? Ninguém dá aquilo que não tem. Se você não é feliz sozinho, usufruindo de sua própria companhia, também não será capaz de fazer outra pessoa feliz. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, disse Jesus (Mateus 22:39).
Portanto, aprenda a amar-se primeiro, a relacionar-se com Deus, a ser feliz sem depender de ninguém além dEle; primeiro, amadureça sua vida emocional e espiritual, e então estará melhor preparado para amar o(a) outro(a) e fazê-lo(a) feliz, porque sim, o objetivo do casamento é a felicidade do cônjuge.
“Numa união para a vida toda, suas afeições devem ser dedicadas à felicidade mútua. Cada um deve promover a felicidade do outro. Esta é a vontade de Deus a seu respeito”.
Além da felicidade terrena, o objetivo do casamento deve ser a felicidade eternal, alcançar a vida eterna, pois de que adianta ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? (Marcos 8:36). Por isso, pergunte-se: Estamos nos casando para nos ajudar mutuamente a chegar ao Céu? Essa pessoa me servirá de companhia ou se tornará uma pedra de tropeço? Temos interesses espirituais em comum? Poderemos caminhar juntos rumo à Canaã celestial?
- TENHO CERTEZA DE QUE ESSA É A PESSOA COM QUEM DEUS DESEJA QUE EU ME CASE?
Esta última, mas não menos importante questão, precisa, sim, ser respondida. Muitas vezes, por conta de nossos sentimentos, nos convencemos de que essa é a pessoa certa, mas podemos estar cegos pela paixão ou obcecados pelo nosso ideal;
Por isso, o conselho é: “Querido jovem, consulte a Deus e a seus pais tementes a Ele. Ore sobre o assunto. Avalie cada sentimento e observe todo traço de caráter na pessoa com quem pretende unir o destino de sua vida. O passo que você está para dar é um dos mais importantes de sua vida e não deve ser dado precipitadamente. Ame, mas não cegamente. Analise cuidadosamente para ver se sua vida matrimonial será feliz, ou desarmoniosa e infeliz”.
A reflexão e a comunhão com Deus devem ser constantes. O casal precisa alimentar-se da Palavra e orar individualmente e a dois. Vocês devem buscar orientações de pessoas mais experientes, analisar a vida um do outro, conhecer as famílias e suas dificuldades para, então, decidirem se desejam, de fato, conviver com as alegrias e as tristezas que resultarem dessa união.
Façam votos com Deus e busquem-nO em oração, crendo que Ele responderá de acordo com Sua vontade. Se a resposta for negativa e chegarem à conclusão de que o enlace não será para a glória de Deus, não tenham medo de desmanchar o compromisso. “Lembre-se de que você tem um Céu a ganhar e um caminho aberto para a perdição a evitar”.
E sim, o assunto é muito sério; por isso, independente da sua idade, se você já está namorando ou é solteiro(a), se já está com casamento marcado ou não, nunca se esqueça dessa preciosa advertência:
“Se homens e mulheres têm o hábito de orar duas vezes ao dia antes de pensarem em casamento, devem fazê-lo quatro vezes ao dia quando pensam em dar esse passo. O casamento é algo que influenciará e afetará sua vida, tanto neste mundo como no futuro. Um cristão sincero não levará avante seus planos nessa direção sem o conhecimento de que Deus aprova seu proceder. Não desejará escolher por si mesmo, mas achará que Deus deve escolher por ele.”
Por fim, o salmista resume qual deve ser nossa atitude frente à decisão mais importante de nossa vida depois do batismo: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará” (Salmos 37:5).